Em tempos de crise econômica e diante de um cenário em que a sustentabilidade é cada vez mais discutida, falar sobre os desperdícios na Saúde é essencial. Entenda quais são as principais causas desse problema e como combatê-lo
Por Lívia Siqueira
Os altos gastos na área da Saúde têm ganhado cada vez mais atenção por parte dos gestores. Em decorrência da conjuntura econômica atual do país, vários setores vêm sofrendo dificuldades financeiras. No caso dos hospitais, as instituições ficam limitadas, sem poder repassar seus aumentos de custos automaticamente para os preços. O motivo se dá, principalmente, a fatores relacionados à competitividade do mercado, à pressão da sociedade e aos planos de saúde¹.
Por isso, quem administra esses locais têm priorizado a apuração e o controle dos custos e adotado medidas de contenção de despesas, tendo em foco, sobretudo, o desperdício. Este, por sua vez, pode ser entendido como o uso dos recursos disponíveis de forma descontrolada, abusiva, irracional e inconsequente. É o uso sem necessidade, sem finalidade e sem objetivo definido. O desperdício não está ligado, necessariamente, ao uso da quantidade acima das necessidades que se tem. Às vezes se gasta pouco, mas se gasta mal, e isso também é desperdício¹.
Quais são as principais causas de desperdício nos hospitais?
Assim como em qualquer plano para otimização de recursos, é necessário identificar, antes de qualquer outra etapa, a causa central de determinado problema. Os desperdícios, nesse caso, são ocasionados principalmente pelos seguintes motivos²·³:
Materiais
Este tópico envolve itens como medicamentos, agulhas, seringas, paramentação e instrumental cirúrgico. O pouco conhecimento da equipe, a falta de conscientização dos funcionários e a ausência do trabalho multidisciplinar intensificam esse desperdício.
Tempo
Na ótica do “tempo é dinheiro”, o desperdício não necessariamente se aplica apenas a itens físicos, mas também a questões mais subjetivas, como o próprio tempo. Médicos, enfermeiros, farmacêuticos e demais profissionais da equipe de saúde costumam perder tempo entre um atendimento e outro, o que aumenta drasticamente o tempo de fila de espera. Além disso, a dinâmica e organização espacial dos hospitais pode prejudicar tal otimização, pelo fato de a distância entre um setor e outro ser grande.
Desperdício de leitos
É um fator de extrema importância, sobretudo quando se fala em hospitais públicos. A ocupação desnecessária de leitos, seja em enfermaria ou unidade de terapia intensiva, além de gerar custos, pode impedir a melhora clínica de outro paciente.
Além disso, má gestão de processos, falta de tecnologia e negligência são outros pontos que também podem contribuir e intensificar os desperdícios na Saúde²·³.
Como combater o desperdício?
Uma gestão comprometida é a base para se combater os desperdícios nos hospitais. Para isso, é necessário³:
Conhecimento: não apenas da estrutura física e dinâmica de trabalho, como também da burocracia e legislação existentes;
Planejamento: trabalhar com metas (inclusive na redução de custos) e plano de ação é uma boa forma de obter bons resultados;
Execução: é preciso que tudo seja colocado em prática, tanto do lado administrativo como do corpo clínico;
Avaliação: de tempos em tempos, devem ser gerados relatórios e gráficos e devem ser estudados os resultados obtidos.
Melhorar processos, padronizar o trabalho e estar atento ao fator humano também são pontos cruciais para evitar desperdícios e melhorar os serviços oferecidos na instituição.
Referências: